Existe uma diferença reveladora entre “pureza de raça” e “pureza de origem”. Conscientemente, ou inconscientemente, uma tem sido colocada como sinônimo da outra, o que não é correto. Taxonomicamente, os indivíduos passam a cruzarem entre si a partir do que é classificado como Espécie e a classificação de subespécie ou raça são conferidas a grupos de espécimes que se separam em regiões diferentes, e, por ficarem isolados por muitas gerações fixam caracteres semelhantes. Uma subespécie ou raça não adveio de uma criação unilateral, e sim, de cruzamentos entre os espécimes, negando o conceito de “raça pura”. Contudo o conceito de “pureza de origem” implica a certeza de que indivíduo A ou B vieram da mesma origem: se européia Bós Taurus taurus e se indiana, Bós Taurus indicus.
Uma espécie pode possuir diversas subespécies ou raças que isoladas sofrem mutações aparecendo diferenciações genotípicas e fenotípicas atribuídas à interferência do meio. Para alguns biólogos aí reside o fator raça. Diferencia-se um individuo Guzerá de um Gir por uma série de caracteres como crânio, orelhas, chifres, pelagem, etc..
O trabalho de descrição do padrão racial para a expedição do certificado de “Pureza de Origem” (PO) não surgiu de maneira aleatória, nem tampouco tem alguma implicação com “pureza racial”. Partiu de referências em animais vivos importados, passando por descrições de pessoas que estiveram na Índia e análises de animais indianos em fotografia. Foi traçado um conjunto de características que pudessem identificar essa “pureza de origem” em cada raça, que depois foi facilitada pela escrituração zootécnica por parte do SRG. Normalmente a recusa pelo Técnico do SRG está ligada a caracteres que fogem a esse padrão racial de origem ocorre numa tentativa de evitar a dominância de caracteres trazidos da ancestralidade remontada à espécie, ou mesmo de defeitos transmissíveis, chegando ao aleijão.
Por questões sobejamente conhecidas a ABCZ abriu concessões ao padrão de “pureza de origem” na Gir provocando o aparecimento de indivíduos alheios ao padrão oficial, criando uma dicotomia entre os criadores, onde de um lado figuram aqueles adeptos à “pureza de origem” e de outro, os que priorizam a “produção individual.”
Atualmente, criadores da segunda opção estão criando um padrão racial para o que chamam de “gir leiteiro” muito distante do padrão estabelecido pela “pureza de origem”, dando a entender que existem duas raças Gir no Brasil.
Luiz Humberto Carrião
"A valorização que a ABCZ deu ultimamente ao padrão-racial-de-origem em controles e registros de raças zebuínas já é um bom começo. Necessário de faz uma formação continuada aos Técnicos do SRG com animais padrão-de-origem porque esses sempre tiveram como referencia não o padrão-de-origem em seus cursos e sim o "gir leiteiro". O mesmo com os criadores para que a própria ABCZ não venha receber criticas indevidas ou levada por emoções ou interesses de criadores. mas uma coisa é certa: só existe um padrão-racial-de-origem elaborado por pesquisadores da década de 30 do século passado, e ele precisa ser preservado em nome da ciência." Luiz Humberto Carrião
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