segunda-feira, 6 de junho de 2011

ABCZ exige rigor a seus Técnicos com relação ao padrão racial

ABCZ exige rigor a seus Técnicos com relação ao padrão racial

De 180 animais (machos) colocados a julgamento para o Registro genealógico somente 13 foram aprovados

O certificado de pureza de origem (PO) ou de pureza de origem importada (POI) acompanhado do pedigree do animal, e o certificado de categoria LA (Livro Aberto) aos animais “cara limpa” que contemplem as características referentes ao padrão-racial estabelecido pelo Serviço de Registro Genealógico (SRG) são expedido pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), através de suas delegadas e escritórios técnicos regionais espalhados pelo país.

Aos animais registrados no LA, uma observação: após a segunda geração de cruzamento com animais PO, sua progênie é registrada na categoria de PO (puro de origem).

A genética mostra uma diferença reveladora entre “árvore de genes” e a “árvore genealógica”. Na primeira cada gene de um indivíduo tem de ter vindo de seu pai ou de sua mãe; de apenas um dos seus 4 avós; de apenas um de 8 oito bisavós; na segunda (pedigree), o indivíduo vem de seu pai e de sua mãe, de seus 4 avós, de seus 8 bisavós, e assim por diante. Como diria o filósofo Tim Maia, “uma coisa é uma coisa, outra coisa e outra coisa.”

No cruzamento absorvente entre espécies diferentes, por exemplo, pai (Bós Taurus taurus) e mãe( Bós Taurus indicus) um gene X responsável por uma característica tanto pode vir através do pai como da mãe; de somente um dos seus 4 avós; necessariamente, de um de seus 8 bisavós, e, assim por diante.

Os genes definem sua linhagem através de machos e fêmeas com igual probabilidade. Isto significa que um animal PO (puro de origem) através de cruzamento absorvente pode ter herdado, por exemplo, características produtivas do pai e fenotípicas da mãe, e vice-versa. Nisso o padrão racial é quem define.

O trabalho de descrição do padrão racial das raças zebuínas foi de uma meticulosidade impar por uma equipe chefiada pelo veterinário José Rodrigues Calheiros, com a colaboração de Waldemar Cruvinel Ratto, na década de 30 do século passado. Partiram de referências em animais vivos importados, passando por descrições de pessoas que estiveram na Índia, até análises de fotografias.

“A principal função do SRG é a fixação do patrimônio genético visando à melhoria da qualidade e da produtividade dos rebanhos. Com isso, assegura-se a garantia de origem dos filhos dos reprodutores. O SRG executa esta função inscrevendo, em livro próprio, todo animal considerado enquadrado no seu padrão racial. Os reprodutores registrados e controlados pelo SRG exercem importante função de aprimoramento racial de um plantel, sendo, pois, imprescindível a uma seleção criteriosa.” (Lopez, 2001, p. 73).

Atentem para as frases: “melhoria da qualidade e da produtividade dos rebanhos” e “inscrevendo, em livro próprio, todo animal considerado enquadrado no seu padrão racial.” A função do SRG objetiva a padronização racial aliada à produtividade.

Ora, se um indivíduo obtido entre duas espécies diferentes através de cruzamento absorvente pode herdar características produtivas de seu pai e fenotípicas de sua mãe, e vice-versa, somente o padrão racial estabelecido à raça pelo SRG poderá aproximá-lo o mais possível de sua pureza de origem. Ao contrário, se ao invés do padrão racial optar pela produtividade podem determinar em pouco tempo a redução populacional de pureza racial de determinadas subespécies ou raças, ameaçando-as inclusive de extinção.

Recentemente, consta que em um dos maiores rebanhos de “gir leiteiro” do Brasil, de 180 animais machos colocados à presença de um Técnico da ABCZ para classificação ao Registro Genealógico, 167 foram recusados por estarem fora do padrão racial estabelecido pelo SRG da ABCZ, somente 13 efetivados.

Se isso realmente ocorreu, tem sua significação.

Luiz Humberto Carrião

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