quinta-feira, 2 de junho de 2011

Artigo confeccionado para a revista AG “Longevidade no gado de leite”

Longevidade

A longevidade é uma característica que deve ser almejada por muitos produtores. Não se trata especificamente da idade avançada, mas, sim, da capacidade de permanência produtiva da vaca em um rebanho. A longevidade pode ser medida com base na vida produtiva de uma matriz, que é a diferença em dias entre o seu primeiro parto e os dias de lactação em sua vida produtiva total. A vida produtiva, portanto, poderia ser definida como o número de lactações que uma vaca completa até ser descartada do rebanho.

O valor genético para a longevidade deve ser baseado em informações como profundidade do úbere, aparelho locomotor (pernas e pés) e qualidade do leite. Da mesma forma, alguns atributos ganham importância como critério de descarte de animais em lactação. São eles: baixa produção de leite, presença de mastite crônica, problemas de fertilidade ou reprodução, bem como dificuldade de parto; anormalidades nas pernas/pés e a necessidade do uso intensivo de medicamentos, provocado por problemas veterinários frequentes. Por fim, é desejável avaliar-se todo o custo/benefício de permanência do animal junto ao rebanho.

A longevidade é verificada em vacas de lactação constante, que são mais “duráveis” e geralmente são melhores matrizes, sendo também mais eficientes na produção de leite. Existe uma correlação direta entre estas características. A equação resulta no valor econômico da longevidade, a qual objetiva a obtenção do menor número possível de descartes involuntários do plantel. Com isso, melhora-se a renda do produtor e também a qualidade das futuras vacas que agregarão valor comercial ao rebanho.

A vantagem econômica de manter-se uma vaca rentável longeva em produção é que esta ficará mais tempo em lactação no rebanho e, desta forma, não será necessária a aquisição de mais novilhas para reposição. Vacas longevas vão gerar lucro em toda sua vida produtiva. Afinal, este animal estará consumindo alimento e em troca estará produzindo leite, enquanto as novilhas ou bezerras ainda estarão apenas consumindo alimentos, sem gerar receita e ainda gerando despesas diretas e indiretas com manejo, mão de obra, medicamentos, estrutura etc. E os maiores custos da propriedade estão, justamente, relacionados à criação das bezerras até o ponto em que estas se tornam vacas em lactação.

A influência da longevidade sobre o lucro de uma fazenda é demasiadamente significativa e precisa ser muito bem observada para que o produtor não tenha surpresas com o descarte excessivo de vacas no plantel. A observação desta característica permitirá ao produtor concentrar o descarte nas vacas com baixa produtividade, fazendo com que ele tenha a cada ano um número de substituições menores, otimizando os resultados do rebanho.

Conformação é outro componente importante nas decisões de seleção do rebanho leiteiro, a fim de aumentar a rentabilidade, tornar a vida das vacas mais prolongada (“durável”). Mas, por sua vez, cascos – enquadrados em pernas e pés – podem ter efeitos econômicos diretos no custo do tratamento dos problemas relacionados à redução da produção de leite. A dificuldade de locomoção, por exemplo, pode causar baixa ingestão de alimentos.

Observações que o produtor deve levar em conta na seleção:

Pernas e Pés
Devemos avaliar a posição das pernas e pés para verificar se o animal caminha com facilidade e sustenta bem toda sua estrutura corporal. O ângulo de casco determina a longevidade dos animais e a durabilidade dos aprumos. Pés corretos são muito importantes para o funcionamento das pernas. Os pés devem ser conformados, com talões profundos (altos) e sola nivelada.

Úbere
Não deve ultrapassar o jarrete. Precisa ter comprimento moderado e estar firmemente aderido (úbere anterior). O mesmo deve ser considerado no úbere posterior, além de ser alto e largo. Ligamentos suspensores fortes e separação bem marcada conduzem a uma boa sustentação e piso do úbere.

Tetos
Ideal os verticais, com comprimento e tamanhos desejáveis.

Administração
A longevidade pode ser melhorada se os fatores de gestão sobre pés e pernas, reprodução e mastite forem identificados precocemente e medidas corretivas forem tomadas de forma adequada, fazendo com que as vacas fiquem por mais tempo no rebanho, prevenindo o descarte prematuro.

Os cascos juntamente com o tratamento da mastite estão entre os maiores custos que podem afetar o rebanho leiteiro. Demandam mão de obra e medicamentos. Estão ligados diretamente ao desempenho produtivo e à diminuição da eficiência reprodutiva dos animais. A mastite, em particular, pode ser uma das principais causas de descarte involuntário, sendo que ainda causa aumento de outros prejuízos, como redução da produção, descarte de leite, custo elevado com medicamentos e redução da qualidade do leite.

A seleção baseada na longevidade é extremamente rentável. Sabemos agora que uma alta taxa de descarte é financeiramente prejudicial. Com uma boa estratégia de melhoramento, visando longevidade, a taxa de descarte pode ser reduzida, revertendo-se em lucro no médio e longo prazos. Para tanto, o pecuarista deve sempre ter em mente:

Manejo – Alta produção e longevidade
Durabilidade – Resistência, fertilidade, saúde, vacas longevas e livres de problemas
Ênfase no Úbere – Prioridade no melhoramento dos úberes
Pernas e Pés – Primazia no melhoramento de aprumos do rebanho

Willy Groot
Estância Futurama Melhoramento Genético e Bonsmara Holambra
Holambra 1 SP

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