O clamor da raça Gir ao senhor Deus dos desgraçados
Crise na Associação nacional da raça
O Modelo Ocidental de alternância de poder optou-se pela forma democrática de escolha, cabendo aos membros de uma nação em conformidade com sua Constituição, através do sufrágio universal escolher seus governantes e representantes. Em efeito cascata alcançou as mais simples instituições classistas. Mas alguns países e algumas entidades de classes insistem em caminhar pela contramão desse Modelo.
A Associação dos Criadores de Gir do Brasil através de prestigio político de um de seus diretores conseguiu uma sala no edifício Arnaldo Rosa Prata, que abriga a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, no Parque Fernando Costa, na cidade de Uberaba – MG, transferindo-se da cidade de São Paulo, oportunidade em que passou a sua denominação para Associação Brasileira dos Criadores de Gir – ASSOGIR –, que desde então por um período de 15 anos, aproximadamente, foi presidida pela mesma pessoa, com algumas alterações nos membros que compunham sua diretoria.
O final de sua administração, isto é, a alternância de poder não foi efetivada através de eleições, e sim, da aclamação de um novo presidente numa reunião na cidade de Belo Horizonte – MG, sem a convocação prévia de uma Assembléia Extraordinária com os fins especificados no seu Edital de Convocação, e inclusive, sem a presença do então presidente.
O novo presidente seguindo a tradição foi eleito à mesa diretiva da ABCZ. Nessa oportunidade o Ministério da Agricultura liberou para a raça Gir uma verba para ser aplicada em Melhoramento Genético no valor de R$50.000,00. Só que, a ASSOGIR não possuía um programa de melhoramento genético que pudesse fazer jus à verba. A saída, em um primeiro momento, seria uma parceria com a ABCGIL/EMBRAPA no Teste de Progênie desenvolvido por estas entidades. Todavia, não houve acerto entre a ASSOGIR e ABCGIL sobre a participação de dos touros/ASSOGIR no teste. Foi então imposta pelo presidente do Conselho Superior da Raça a comunicação ao presidente da ABCZ a negação da ASSOGIR.
O presidente da ASSOGIR ponderou que em não possuindo um programa de melhoramento genético não havia como participar da verba, e que, como diretor da ABCZ e não se sujeitaria ao que ele classificava como deselegância. Diante da pressão do Conselho, propôs um afastamento por 6 meses, então o vice-presidente cumpriria tais determinações. Incontinenti, o presidente do Conselho definiu: licença não! Ou o presidente cumpre as determinações do Conselho Superior, ou renuncia.
Ora, estatutariamente o Conselho Superior era um órgão consultivo e não deliberativo. Como aceitar uma posição dessas, ainda mais em tom de ameaças. O presidente de imediato apresentou sua carta renúncia, com o vice-presidente terminando o seu mandato e, inclusive, prorrogando-o no poder por um mandato tampão de 2 anos, com o objetivo de coincidir as eleições da ASSOGIR com as da ABCZ, uma vez que a entidade do Gir possuía, por tradição, na Chapa Oficial uma vice-presidência e uma diretoria, o que manteria uma consonância entre o período administrativo da ASSOGIR com o da ABCZ.
Nesse período ocorreu a implantação do Programa de Melhoramento Genético da Raça Gir – PMGRG – através da utilização dessa verba em questão e de parcerias múltiplas, além da colaboração de abnegados criadores.
O então vice-presidente elegeu-se presidente em conformidade com os estatutos, porém, através de uma ação na justiça foi afastado do cargo, passando a entidade por uma intervenção judicial, até a determinação de eleições a trouxesse à legalidade. Há que se esclarecer que a referida ação judicial foi recusada pelo STJMG por falta de sustentação legal.
O novo presidente assinou seu Ato de Fé rumo à fogueira no momento em que deixou de compor a Chapa Oficial da ABCZ optando por uma Chapa saída das associações promotoras das raças, culminando com o seu afastamento numa Assembléia em que maioria substancial não pertencia ao quadro de sócios da entidade. Dos associados presentes, pouquíssimos em dia com as obrigações estatutárias, por conseguinte, impedidos de votarem e serem votados;
Um dos articuladores do movimento fazia pressão através de um voto por procuração, o que era vetado pelo Estatuto.
Como nas vezes anteriores, o presidente assinou sua carta renúncia e foi embora. A assembléia modificou o Estatuto, o organograma e um novo presidente eleito. Mas eleito por pouco tempo, pois uma nova articulação impõe a ele o instituto da renuncia. E mais uma vez, o presidente sairá de um grupo conspirador.
Como dar credibilidade a uma associação representativa de uma raça, com mais de 55 anos de atividade, das quais mais de 30 está tendo sua alternância de poder efetivada através de conspirações e arranjos em desrespeito ao seu Estatuto.
Melhoramento Genético
Atualmente três Programas de Melhoramento Genético envolvendo a raça: Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL), Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e Associação Goiana dos Criadores de Gir (AGCG) mais conhecida como GIRGOIÁS.
Primeiro e segundo fechados na linhagem de um único Touro
O primeiro através de seu Teste de Progênie (ABCGIL) fechou em C.A. Everest que trás no topo do ranking um filho, C. A. Sansão (PTA 923,09) e, em segundo lugar um neto, Brasão de Kuberas (PTA 881,51). Dificilmente a linhagem C.A. Everest será superada pelos números apresentados.
O segundo através de seu Sumário Nacional de Touros Gir de Aptidão Leiteira (ABCZ) acabou engolido pelo primeiro pela sua conformação. Todo animal que tiver acima de 4 filhas, acima de 3 propriedades diferentes que estejam em Controle Leiteiro Oficial (ABCZ) será avaliado. Isso demonstra que todos os animais pertencentes ao Teste de Progênie (ABCGIL) automaticamente são avaliados pelo Sumário (ABCZ) onde a diferença reside na publicação. A ABCGIL publica somente os touros participantes de seu teste, e a ABCZ, todos aqueles touros que possuem acima de 4 filhas, acima de 3 propriedades diferentes em Controle Leiteiro Oficial. Com isso, as chances dos Touros não pertencentes a vertente denominada “gir leiteiro”ter uma expressividade no ranking é mínima.
O terceiro ameaçado
O terceiro através de seu Teste de Progênie (GIRGOIÁS) optou por contemplar touros alternativos, isto é, que estejam dentro do padrão de “pureza de origem” e que possam abrir essa consangüinidade que ora ameaça o criatório brasileiro.
Responsabilidade da GIRGOIÁS
Assim, a constatação é obvia: a eleição na GIRGOIÁS não define somente o corpo diretivo da entidade para os próximos anos, e sim, o futuro da raça Gir no Brasil.
Luiz Humberto Carrião
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