quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Tramelas ou taramelas zebuínas?

No Brasil só preocupa-se com a tramela depois que o ladrão invade a casa. Foi sempre assim e assim sempre será. No caso específico do padrão racial de origem da raça gir não foi diferente. Foi preciso que um animal descaracterizado excessivamente ganhasse um Torneio Leiteiro numa dessas exposições ranqueadas para que houvesse a preocupação com a tramela e tomasse uma atitude com relação as permissividades de seus técnicos com relação ao julgamento para o registro definitivo.

Mas o descuido com a porta continua. Durante a EXPOZEBU/2011 mais uma fêmea foi a óbito vítima de produtos farmacológicos para acelerar seu metabolismo; Mais uma vez uma vaca zebuína alcança uma lactação de fazer inveja a qualquer vaca holandesa com 250 anos de seleção leiteira. E tudo isso aos olhos daquela que tem como obrigação ser a guardiã das raças zebuínas no Brasil. A “coisa” chegou a um ponto tal que estão querendo encher os humildes currais leiteiros desse país com Brahman, Tabapuã e Nelore, raças comprovadamente de aptidão frigorífica. Mas não há o que se desesperar, num momento desses, serão tantos os animais mortos num Torneio Leiteiro que alguma atitude deverá ser tomada.

Com as medidas tomadas pela ABCZ no que diz respeito ao cumprimento do “batistério” como dizia Zeid Sab, com certeza outro problema se intensificará na Gir, a questão do DNA – data de nascimento alterada -. Não tenho dúvida disso! Mas também não há o que se desesperar. Será chegado o momento em que um bezerro será desmamado já pronto para trabalhar, e no caso das fêmeas, parindo quando deveriam estar sendo enxertadas.

Sempre defendi a ideia de que para solucionar esses problemas basta liberar geral. O egocentrismo irá roubar o bom senso e os absurdos se responsabilizarão pela moralidade. Lembro-me que sobre esse caso do DNA o saudoso Antônio Ernesto de Salvo, presidente da CNA, com quem tive o prazer de conviver na mesa diretora da ABCZ, certa feita, contratou um grupo de estatísticos na tentativa de buscar uma solução para o problema. A proposta era boa e aplicável, por isso foi esquecida.

Sempre ouvi a máxima de que dentro de seu curral cada criador tem a liberdade de “trabalhar” da maneira que melhor lhe prouver. Isso é fato! Todavia, os anos tem mostrado que os meios de comunicação, notadamente a internet tem trazido produtores à realidade que nem sempre o marketing mercadológico satisfaz. É preciso entender isso.

O futuro sinaliza para um trabalho coletivo, de rebanho, e não individual como está sendo feito sobre animal A ou B. Se olharmos para os empresários do setor que se utilizam do gado holandês ou Jersey, falam em média de rebanho e não de indivíduos.

Se queremos realmente projetar a raça Gir como produtora de leite nos trópicos pelas vantagens que possui é preciso rever certas posições. Quando afirmei em um texto aqui neste blog que o gir brasileiro não diferenciava da equinocultura de elite, fui “apedrejado” como a adúltera do Livro Sagrado. Mas entendo que ao invés de tratar de um rebanho leiteiro, ele é que tem que tratar de mim, caso contrário não justifica o empreendimento. Prazer se obtém através de hobby!

Aqui mesmo neste blog também diferenciava a posição entre ser fiel e ser leal. Fidelidade tem a ver com subserviência, enquanto lealdade vislumbra responsabilidade. Por isso, utilizo-me desse espaço para opor àquilo que penso não ser o correto. Sou o “dono da verdade”? Não! Mas ao menos não peco por omissão.

Por Luiz Humberto Carrião no Blog girpontocom

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