Proposta de R$ 250 milhões foi a melhor das cinco apresentadas para a aquisição de ativos do frigorífico
Agência Estado
Suzana Inhesta
A tumultuada assembleia geral de credores (AGC) do frigorífico Independência, em recuperação judicial desde maio de 2009, não definiu o futuro do frigorífico nesta sexta, dia 29, mas levantou alguns pontos importantes do processo. O primeiro deles foi o questionamento da capacidade de pagamento da proposta feita pela Alfredo Kaefer Cia e Ltda., de Cascavel (PR), empresa do deputado federal homônimo do PSDB do Paraná, também proprietário do abatedouro de aves Diplomata e da rede curitibana de supermercados SuperDip.
A proposta, de R$ 250 milhões, foi a melhor das cinco apresentadas para a aquisição de ativos do frigorífico. Mesmo assim, cobre apenas 35% do valor dos ativos da companhia, avaliado em R$ 706,922 milhões. O prazo de pagamento, de 10 anos, em parcelas trimestrais, com carência de três anos, também não agradou os credores.
Na reunião, quando foi pedido para que o representante da Kaefer se apresentasse para discutir a proposta, os advogados Deborah Valcazara e Michael Altit, do escritório Motta, Fernandes Rocha Advogados, intercederam. Eles informaram que em 2009 um grupo de credores internacionais do Diplomata, empresa de Kaefer, entrou com uma ação de execução em Cascavel (PR), ainda em processo de avaliação, no valor de R$ 80 milhões.
Nessa ação, 100% das ações do Diplomata seriam penhoradas para os credores. Além disso, há rumores no mercado de que o Diplomata estaria à venda e um dos interessados seria a Globoaves, do Grupo Kaefer, mesma família do deputado.
– Se há uma dívida dessa magnitude, como então a empresa poderá comprar e pagar corretamente os ativos (do Independência)? – questionou um credor.
O advogado Edilso de Oliveira, representante da Alfredo Kaefer Cia e Ltda, disse que ela será paga com o dinheiro obtido com a própria operação das unidades.
– Também temos um parceiro estratégico nessa aquisição – disse o advogado, explicando que somente poderia revelar esse parceiro se a proposta fosse negociada pelos credores. Quanto à ação judicial, vamos aguardar o desdobramento dela. E cabem recursos. Devemos sim, mas não é todo esse montante citado – revelou o advogado.
Na reunião, Oliveira ainda explicou que a empresa do deputado Kaefer é sólida, tem 35 anos de existência, e faturou, em 2010, R$ 1,2 bilhão.
– Nossa proposta é alternativa e estamos abertos ao diálogo – ressaltou. Ainda na assembléia, foi informado que o Banco Sumitomo Mitsui Brasileiro S/A, credor extraconcursal de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), obteve a penhora de bens e imóveis para pagamento de seu crédito de R$ 26,726 milhões. Caso haja a venda e pagamento aos credores, os bens serão devolvidos.
AGÊNCIA ESTADO
FONTE: CANAL RURAL
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